Marina Silva, Machismo no Senado e o Brasil que Apoia Seus Opressores: Um Grito Contra o Preconceito e a Ignorância

A Batalha de Marina e o Espelho Partido do Brasil: Quando o Povo Apoia Seus Algozes

O caso de misoginia e desprezo à ministra Marina Silva expõe não apenas o machismo institucional, mas o abismo de consciência em um país onde o povo pobre, preto e humilde muitas vezes ecoa a voz de seus opressores. Ela está acabando com o desmatamento no Brasil — e isso as elites não permitem. Marina Silva enfrenta ataques misóginos e racistas no Senado por lutar pela Amazônia e pelos direitos do povo. Entenda como o preconceito, o machismo e os interesses das elites tentam silenciar uma das maiores defensoras do meio ambiente no Brasil.

Por Alberto Senna

O Brasil assistiu, mais uma vez, a uma cena que deveria nos revoltar, mas que muitos, perigosamente, aplaudem. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, mulher preta, de origem humilde, respeitada mundialmente por sua trajetória de luta pela sustentabilidade, foi violentamente atacada – não com armas, mas com a baixeza verbal e institucional de homens brancos, poderosos, instalados confortavelmente no Senado da República.

Em um episódio que misturou machismo, racismo velado e violência política, senadores interromperam, ridicularizaram e tentaram calar Marina Silva, como se a democracia tivesse lugar apenas para vozes submissas, masculinas, alinhadas ao poder econômico.

Mas o que choca ainda mais é o que acontece fora dos salões do Congresso. No chão das ruas, nos centros comerciais, nos transportes públicos, entre os que vivem da força do próprio trabalho, há quem reverbere os discursos mais vis da extrema-direita. E o que deveria ser visto como repugnante torna-se, para muitos, apenas “opinião”.

Recentemente, em um shopping do Rio de Janeiro, uma jovem comerciária, com sorriso nos lábios, comentou com um casal de idosos que Marina Silva “gostava de aparecer” e que “mereceu ouvir umas verdades”. Não era ironia. Era apoio sincero aos agressores. Como chegamos a esse ponto?

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O Brasil que aplaude sua própria escravidão

A cena é emblemática e triste. É o retrato de um país ferido por séculos de opressão, onde a estrutura social é tão eficiente em seu sistema de dominação que ensina o oprimido a se ver com os olhos do opressor. O mesmo povo que sofre com a precarização dos serviços públicos, com o desmatamento que agrava suas condições de vida, com o machismo que limita suas mulheres, com o racismo que encarcera seus jovens, é o povo que, muitas vezes, aplaude quem perpetua esses males.

Não se trata de ignorância. Trata-se de desinformação orquestrada, de manipulação calculada. É nas redes sociais, dominadas por algoritmos que premiam o ódio, que muitos formam suas convicções. É nelas que se fabrica o desprezo pela ciência, o deboche às mulheres combativas, o culto à truculência. Enquanto isso, as forças progressistas se perdem em diagnósticos e respostas tímidas.

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O caso Marina: um espelho da elite podre

e do povo perdido

Marina não foi atacada apenas por ser ministra. Ela foi atacada por ser mulher. Por ser preta. Por ser da floresta. Por defender um Brasil mais justo para todos. Ao dizer que “a mulher merece respeito, a ministra não”, o senador Plínio Valério revelou mais do que misoginia: escancarou a tentativa de desumanização de qualquer mulher que ocupe espaço de poder sem se curvar. Quando outro senador manda Marina “se colocar em seu lugar”, o que ele diz, sem pudor, é: “mulher, cale-se”.

E mesmo diante disso, uma parte significativa da população, que deveria reconhecer nela um símbolo de resistência, prefere enxergá-la como inimiga. É o veneno ideológico de um Brasil adoecido.

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Classe, raça e gênero: o tripé da exclusão

Não é coincidência que Marina seja alvo preferencial dos ataques. Ela reúne tudo o que incomoda a elite retrógrada: mulher, preta, pobre, inteligente e combativa. Marina nasceu no seringal, venceu o analfabetismo, chegou ao ministério e ao mundo – mas nunca se esqueceu de onde veio. E por isso mesmo não lhe perdoam.

Porque Marina simboliza o que o Brasil tenta enterrar todos os dias: o direito do povo pobre, preto e periférico de sonhar, de pensar, de governar, de dizer “não”.

E é por isso que a luta contra o que aconteceu com Marina Silva é maior do que ela. É uma luta por todas as mulheres silenciadas nos gabinetes, nas repartições públicas, nas casas de família, nos comércios. É uma luta por cada criança preta desacreditada na escola. Por cada jovem favelado assassinado pela polícia. Por cada trabalhador humilhado por achar que sua vida vale menos do que o lucro de uma petrolífera.

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E agora, Brasil?

A ministra saiu da sessão. Mas saiu de cabeça erguida. Sua retirada não foi desistência — foi resistência. Ao se recusar a ser humilhada, ela deu uma lição que precisa ecoar nas escolas, nas ruas, nas casas: dignidade não se negocia. Respeito não é favor. E silenciar diante do preconceito é compactuar com ele.

O Brasil precisa decidir de que lado está. Se do lado dos que agridem ou dos que resistem. Se do lado dos que exploram ou dos que constroem. Se do lado dos que querem calar Marina Silva ou dos que reconhecem nela uma das vozes mais necessárias deste tempo.

Se formos capazes de aprender com essa ferida, talvez haja esperança. Mas, enquanto o povo aplaudir quem o esmaga, o Brasil continuará prisioneiro — não dos poderosos, mas da própria ignorância. Ela está acabando com o desmatamento no Brasil e isto as elites não permite!

“A floresta fala. E Marina é sua voz. Quem cala

essa voz, não cala apenas uma mulher. Cala o futuro.”

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